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Dra. Elaine Cristina Lima

Cefaleia Crônica e abuso de medicamentos


AS CAUSAS MAIS FREQUENTES DE “DOR DE CABEÇA”.

Cefaleia Crônica e abuso de medicamentos

Cefaleia é o segundo sintoma mais comum da medicina, o primeiro é a “tontura”. É uma palavra de origem grega que significa simplesmente “dor de cabeça” e por si só não configura um diagnóstico, existem mais de trezentas causas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, 95% da população apresentará este sintoma pelo menos uma vez na vida.

  • 70% das mulheres e 50% dos homens apresentará a dor uma vez ao mês pelo menos;

  • É a queixa mais comum nos ambulatórios de neurologia no SUS e a segunda causa nos ambulatórios particulares, perdendo apenas para os transtornos de ansiedade.

Os tipos mais comuns de cefaleia são: cefaleia tipo tensional crônica, enxaqueca e cefaleia crônica diária. Geralmente, o paciente apenas procura o neurologista quando a cefaleia se torna frequente e costuma referir-se ao estado de dor anterior como “dor de cabeça normal”, mas não existe dor de cabeça “normal”. Pode ser uma queixa frequente e na maioria das vezes, benigna ou primária, mas não deve ser encarada como “normal”.

UM SINTOMA É A MANEIRA DO INDIVÍDUO DIZER QUE ALGO ESTÁ ERRADO, QUE EXISTE UM DESEQUILÍBRIO. GERALMENTE, A ORIGEM É EMOCIONAL, ENTRETANTO, JÁ ESTÁ REFLETINDO NO CORPO FÍSICO.

CEFALEIAS CRÔNICAS E CEFALEIAS PRIMÁRIAS

Cefaleias crônicas são as que persistem por meses ou anos, pelo menos de 3 a 6 meses. Podem ser recidivantes, ocorrendo por período variável de tempo (minutos, horas, dias) para depois desaparecerem e reaparecendo algum tempo depois.

Podem ser persistentes, aparecendo diariamente ou quase diariamente. A intensidade da dor deve permanecer mais ou menos a mesma no decorrer dos meses.

Somente 1% dos pacientes com cefaleia crônica com exame neurológico normal vão apresentar algum problema importante na cabeça e somente 1 em cada 1000 pacientes terá alguma doença tratável cirurgicamente.

Na grande maioria das vezes, estamos diante de uma “cefaleia primária”, ou seja, aquelas que ocorrem sem etiologia demonstrável pelos exames clínicos ou laboratoriais usuais, por exemplo, a cefaleia tipo tensional, enxaqueca e cefaleia crônica diária.

QUANDO INVESTIGAR UMA CEFALEIA

O médico deve estar atento a alguns sinais que indicam que este sintoma deve ser melhor investigado, podendo estar associado a alguma outra doença. Estes sinais são:

  • a primeira dor de cabeça da vida;

  • A dor mais forte;

  • Mudança de característica;

  • Aumento na frequência e intensidade;

  • Início com idade acima de 50 anos;

  • Cefaleia desencadeada por esforço, tosse ou ato sexual;

  • Presença de febre;

  • Confusão mental;

  • Convulsão;

  • Paralisias;

  • Alterações de sensibilidade focal;

  • Outra alteração neurológica identificada.

Existem dados de história, sinais e sintomas que permitem ao neurologista realizar o diagnóstico dos principais tipos de cefaleia sem exame de imagem.

ENXAQUECA

A enxaqueca é uma cefaleia crônica que geralmente tem início em um lado da cabeça (hemicrania), principalmente na região frontal, periocular e temporal. É muito forte ou moderada, ocorre com náuseas (às vezes vômitos), é latejante, piora com a luz e/ou barulho (fotofobia e fonofobia). Pode ser precedida por alterações visuais, com duração de 3 horas a 3 dias em geral. Pode ser desencadeada por estresse crônico ou agudo, período pré-menstrual, privação do sono, jejum prolongado ou ingestão de certos tipos de alimentos (gorduras, doces, chocolate, frios, etc).

CEFALEIA TIPO TENSIONAL CRÔNICA

A cefaleia tipo tensional crônica é de leve a moderada intensidade, bilateral, acomete principalmente a região frontal, mas pode ser parietal e na região posterior da cabeça e irradiar para a nuca. Parece uma pressão ou aperto (uma faixa ou capacete comprimindo). Pode dar um pouco de fotofobia ou fonofobia e geralmente não dá náuseas.

Os fatores desencadeantes principais são privação do sono e estresse.

CEFALEIA CRÔNICA DIÁRIA E RISCO DE ABUSO DE ANALGÉSICOS

Em até 5% da população, as crises ocorrem pelo menos 15 vezes ao mês há pelo menos 3 meses levando a algum tipo de incapacidade. Estamos diante do terceiro tipo mais frequente de cefaleia, a cefaleia crônica diária. Esta dor pode evoluir a partir da enxaqueca que se modifica.

A partir da cefaleia tipo tensional crônica, que aumenta sua frequência, pode iniciar-se uma cefaleia nova diária e um quarto tipo chamado hemicrania contínua.

A cefaleia crônica diária implica em dificuldade para memorizar, para raciocinar, traz irritabilidade, dificuldade para dormir, prejuízo nas atividades do cotidiano, incluindo rendimento no trabalho. Entretanto, o principal risco é a automedicação e o abuso de analgésicos e anti-inflamatórios que podem levar a gastrite, sangramentos do sistema digestivo, agitação, insuficiência renal e aumento na frequência das dores.

O aumento na incidência da cefaleia crônica está em geral, associado a dificuldades em lidar com o estresse do dia a dia ou com uma de suas consequências, a insônia.

TRATAMENTO DAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS E QUALIDADE DE VIDA

Nenhuma medicação cura as cefaleias primárias. As medicações podem fazer parte do tratamento como paliativos. A abordagem deve levar em conta os fatores desencadeantes associados à qualidade de vida. Uma análise minuciosa deve ser feita com relação à alimentação, prática de exercícios físicos, higiene do sono, como o indivíduo apresenta-se emocionalmente e sua situação quanto a lidar com o estresse diário.

Tabus devem ser quebrados: não há o estabelecimento de uma dieta, e sim, uma mudança para um hábito mais saudável de alimentação.

Lidar com estresse é organizar-se melhor. Melhora emocional significa ir de encontro ao autoconhecimento e para isso muitas vezes, é necessária ajuda de um profissional especializado com psicoterapia.

Com relação ao uso excessivo de analgésicos, é preciso suspender por completo a sua utilização por pelo menos 30 dias. Neste período haverá necessidade de utilizar uma medicação para dor crônica, geralmente um antidepressivo ou antiepilético que funcionam muito bem para este propósito.

A melhor resposta ocorrerá entre 4 a 6 meses. Neste período, o paciente deverá modificar seu estilo de vida para obter resultados duradouros, não só em relação à dor, mas refletirá em prevenção contra várias outras doenças que podem ocorrer no futuro certamente muito mais graves!

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Dra. Elaine Cristina Lima - Neurologista Com 16 de anos de experiência vividos em Medicina, na área de Neurologia com MBA Executivo em Saúde; Expertise em Neurologia e Clínica Médica; UNIFESP

Telefones: (11) 3051-2543 e (11) 97607-9728

Site: www.dreloyrusafa.com

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