Em caso de escoliose, quando uma cirurgia está indicada, as primeiras perguntas que o paciente se faz são: Minha indicação está correta? Qual é a melhor cirurgia para mim?
Para responder essas perguntas é necessário dar uma olhada em alguns detalhes:
Em qual etapa do crescimento eu estou?
Quantos graus tem minha curva?
Eu tenho risco de progressão?
Como eu ficaria se não tratasse com cirurgia?
Qual a flexibilidade da minha curva? (vista no Raio-X de coluna total com lateralizações);
O que causa ou qual é meu tipo de escoliose? Idiopática? Neuromuscular? Congênita? Secundária a tumores?
Se você já sabe estas informações, sugiro que prossiga na leitura deste texto. Se não sabe, dê uma espiada nos textos escritos anteriormente no meu blog e, mais importante, marque uma consulta, saber sobre o seu problema e sobre você mesmo não tem preço. Uma cirurgia de escoliose pode influenciar o resto de sua vida.
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A escoliose idiopática é a principal causa de escoliose e somente nesta entidade, há várias possibilidades de intervenção cirúrgica, seja via anterior, via posterior, fixação curta, somente na região onde há a curva principal, ou fixações mais extensas, até pontos onde há possibilidade de descompensação da curva. Em se tratando deste tipo de escoliose e para decisão sobre cirurgia x tratamento conservador a pergunta que não quer calar:
Tenho indicação de cirurgia? Por que?
O objetivo principal é:
“EVITAR QUE A CURVA PROGRIDA ATÉ SE TORNAR SEVERA”
Corrigir a deformidade com simetria e balanço sagital e coronal do tronco.
Por que evitar que a curva progrida?
Na história da escoliose não tratada no período da adolescência e que evolui para o esqueleto maduro, ou seja, que já completou o crescimento, há 2 marcos importantes:
Curvas inferiores a 30 graus – não tem risco de progressão;
Curvas acima de 50 graus – alto risco de continuar a progressão e esta se tornar dolorosa na vida adulta e com problemas relacionados ao envelhecimento, ou seja, sobreposição da escoliose idiopática e da escoliose degenerativa ou por envelhecimento dos discos.
A fixação mais usada atualmente é a realizada com parafusos pediculares e, eventualmente ganchos. Para tornar a curva rígida e ocorrer a formação de osso é necessária a colocação de enxerto ósseo onde foi fixado.
Princípios importantes que regem a cirurgia de escoliose:
Verificar no Raio-X panorâmico de coluna total com lateralização se curva é rígida. Se for, deve ser fixada. Se a curva for apenas compensatória, ou seja, ele ocorre para tentar balancear uma curva rígida, deve ser preservada ao máximo sua mobilidade.
O tratamento em crianças é um capítulo à parte e existem inúmeras técnicas para controle da curva durante o crescimento que serão abordadas em outro texto. Isto é apenas uma breve noção da complexidade que é o tratamento cirúrgico da escoliose. Para maiores informações, marque uma consulta com especialista em coluna.
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Cirurgia na escoliose não idiopática
Escolioses Congênitas
Há uma variedade muito grande de escolioses congênitas, entretanto para controlar o crescimento e descompensação da curva é importante decifrar o curso da deformidade e quais são as regiões na curva responsáveis por sua progressão ou “motores”.
Se a curva está aumentando, deve-se agir e evitar o aumento, seja por meio de sistemas de orientação do crescimento como o sistema de fixação costal ou ressecções de anomalias curtas como hemivértebras isoladas.
Sempre devemos fazer ressonância Magnética de todo sistema nervoso central para descartar outras anomalias e sempre limitar ao mínimo a cirurgia para evitar restrição do crescimento.
Cirurgia nas Escolioses Neuromusculares
Os pacientes com paralisia cerebral ou outro tipo de lesão na via motora tem uma incidência de até 90 % de desenvolvimento de escoliose.
SEMPRE SE DEVE INICIALMENTE USAR COLETE NESTES PACIENTES.
Porém com a progressão da curva ou acometimento da função respiratória, opta-se pela cirurgia.
A cirurgia nestes pacientes, no entanto tem algumas dificuldades mais relacionadas a deficiências sistêmicas: geralmente estes pacientes já tem dificuldades respiratórias, osso mais fraco, dificuldades em alimentar-se, necessitando do uso de sonda de gastrostomia, movimentos anormais. Deve haver uma equipe multidisciplinar preparada para atender as necessidades destes pacientes.
As curvas em pacientes com este tipo de escoliose costumam evoluir rapidamente, inclusive após completar o crescimento e o seu tratamento deve ser agressivo;
Geralmente são curvas grandes que exigem tratamento com fixações longas;
O tronco deve ser estabilizado para permitir que o paciente sente sem apoio dos braços e aumente sua funcionalidade e qualidade de vida.
Cirurgia nas Escoliose Sindrômicas
Dois tipos de escoliose sindrômicas são mais frequentes e exigem uma atenção especial.
Crianças com síndrome de Marfam:
Estes sempre têm de ter avaliação cardiológica detalhada antes de uma cirurgia de escoliose pela alta frequência de Insuficiência mitral, exames de imagem para ver o tamanho dos pedículos, local onde é colocado o parafuso na cirurgia, cuidados especiais com a cicatrização – geralmente larga e friável.
Crianças com Neurofibromatose tipo 1:
Sempre deve ser avaliado todo o sistema nervoso central;
Cifose cervical é comum nestes pacientes (a coluna cervical é fisiologicamente curvada para trás, forma chamada de lordose, a cifotização pode gerar disfunções da coluna cervical);
Alterações específicas na curva podem gerar evolução rápida;
Deve-se ter muito cuidado com sangramento.
Nestes pacientes é muito importante o tratamento multidisciplinar com fisioterapia, nutrição, terapia ocupacional, psicoterapia e o cirurgião de coluna deve orientar corretamente o tratamento para que seja feito de forma segura e ótima. Os fatores que influenciam na tomada de decisão são inúmeros devidos a complexidade dos casos. Procure o especialista e tenha orientações valiosas sobre sua doença.
Dr. Eloy Rusafa Neurocirurgião Especialista em Coluna Instituto Neurospine Telefones: (11) 3051-2543 e (11) 97607-9728 Site: www.dreloyrusafa.com
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